sábado, 30 de julho de 2011

Por que viemos morar aqui?

Vocês já se pegaram pensando em quais foram os reais motivos que nos trouxeram para o Condomínio? Em que momento realmente decidimos: " É este! É aqui, neste lugar, que quero construir meu lar". Muitos e diversos são os caminhos que trouxeram cada um de nós vizinhos até esta comunidade. Morar aqui, apesar dos problemas, pode ser considerado um luxo; um luxo, por sinal, para poucos.  De todas as histórias que já ouvi, muitas bastante parecidas, a coisa mais comum na motivação das pessoas é a afirmação de que "quando entrei, passei por aquela pracinha linda, vi as crianças brincando, na hora imaginei que seria o lugar ideal para criar os filhos" (nem importava se naquele momento você ainda nem era casada e continuava esperando ansiosamente pelo "pedido" daquele cretino que há mais de cinco te enrolava), o fato é que aqui é o lugar que escolhemos para construir nossos sonhos, aqui sonhamos não com uma casa simplesmente, mas com um lar, um lugar onde as crianças correriam livres como o vento_ como diz uma das placas pedindo calma aos motoristas_, onde os vizinhos se visitariam, com pedaços de bolos cheirosos ou uma xícara para pedir açúcar, onde seria possível não ter quinze trancas nas portas.
Nenhum de nós, naquele momento, pensava que na maioria das vezes morar em comunidade dá trabalho, tem de abrir mão de certas manias e hábitos, tem de obedecer as regras, tem de se policiar para não ligar a furadeira às duas da tarde de sábado porque do outro lado o vizinho, que como eu, rala a semana inteira, está tirando sua benéfica meia hora da sesta.
Sabe do que mais sinto falta nesses anos todos? De civilidade, de gente um pouco mais humana, menos estressada, mais a fim de pensar no todo e não só no seu umbigo, gente que cumpra as regras, que queira ajudar a comunidade, propondo coisas novas, aparando arestas entre vizinhos envolvidos em mal-entendidos.
É estranho, mas quando se pergunta a cada um dos moradores se gosta daqui, quase todo mundo responde que sim, que adora, que é um privilégio poder sair do calor infernal de Porto Alegre no verão e chegar aqui onde tem uma brisa legal e onde você pode ver ainda os tatus, saracuras, raposas, gambás atravessando a rua como se fosse a coisa mais natural do mundo, e aqui é!
Mas uma dessas noites, pasmem, eu vinha descendo a Pinheiros lá pelas 21 horas, toda zen voltando da aula de  yoga e um gambá atravessou na frente do carro, diminui a velocidade, na verdade parei para ele poder chegar com segurança no outro lado da rua; atrás de mim, vinha um distinto mas estressado vizinho que me disse horrores, porque eu tinha parado pro bicho, que onde já tinha se visto uma coisa dessas, que era coisa de mulher no volante mesmo, etc, etc. Ao final, quando eu só conseguia rir do cara, ele soltou essa: 'Se fosse em São Paulo, a senhora levava uma multa por atrapalhar o transito assim". Pois é, vizinho, aqui não é São Paulo, ainda bem!, e se depender de mim, tomara que nunca seja!
Todo esse post nasceu de uma conversa de hoje na oficina de compostagem na pracinha, que estava ótimo e em que compareceram 15 bravos vizinhos, apesar da cara horrível do tempo! Como a gente sente falta desse calor humano, dessa conversa de vizinho, desse encontro. Tomara que o nosso espaço virtual se torne cada vez um espaço de encontros também presenciais.
sábado que vem, outro encontro na pracinha desta vez com outro assunto, estamos buscando voluntários para falar sobre diversos temas, vale tudo: a mudança na legislação trabalhista das domésticas, como ajudar as crianças no tema, como educar seu cachorro ou qualquer outra coisa que possa ajudar a comunidade a ser cada dia melhor. Deixem as dicas aqui no blog ou nos nossos emails: maiscantegril@gmail.com ou maiscantegril@hotmail.com

6 comentários:

  1. Querida Andréa, é uma alegria ler teus comentários pois acredito que estamos dando início a um outro momento em nosso condomínio, nosso convívio e nosso bem estar... sábias e encantadoras palavras... que nossas oficinas e encontros se espalhem e proliferem de forma rica e produtiva. Avante companheira, vizinha e amiga querida.

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  2. Hoje almocei no bistrô e vi o papel que falava do blog.
    Adorei a idéia.
    Sou moradora da 4 e também vim pra cá encantada pela tranquilidade do lugar.
    Acho que esse motorista estressado deveria se mudar p/ SP, pois nada a ver uma atitude dessas aqui dentro. - Desacelera amigo! Da portaria para dentro o ritmo é outro!
    Abraço, parabéns pela iniciativa.
    Cris

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  3. Acho este tema de viver em comunidade como a do Cantegril fascinante.As pessoas que não se preocupam com seus vizinhos devem saber que em mais de 60% dos caso de emergência nos EUA os primeiros a prestar socorro são justamente os vizinhos, por tanto trate bem seus vizinhos,não estamos livres de contar com a solidariedade dos mesmos.edu krindges

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  4. Li teu relato sobre este cidadão estressado que reclamou por estares respeitando uma vida. Gambá... mas um bichinho talvez menos inofensivo doque esta criatura que achas que é vizinho, que com certeza está no lugar errado, pois se supõe que quem escolhe o Cantegril para viver, seja pessoa sensível, amante da natureza e portanto deve resipeitar a mesma com gambás, tatus, etc.

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  5. Muiiiiiito bom, é isso mesmo.
    Antonio Ribeiro
    Rua Pau Brasil 414 f2
    vo.cacau@hotmail.com

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  6. Andrea
    Tua história e iniciativa em criar um blog para que visinhos se comuniquem foi muito interessante.
    Realmente o Cantegril com seus condomínios é um local maravilhoso para que as pessoas se sintam parte da natureza, natureza esta que aos poucos vai sendo devastada pela mão destruidora do homem. Mas o que fazer se a área foi projetada para alguns dela tirarem o lucro monetário em vez de conviverem com um ambiente puro onde pela manhã possam escutar o sabiá cantar em suas janelas?
    Brilhante tua iniciativa em manter um blog onde se pode conscientizar e desenvolver o espírito de comunidade.
    Fui para o Cantegril mesmo antes de existir o projeto da Fase 3 e depois mais tarde a Fase 4. Sou da Fase 2 como você e tive a satisfação de ser de uma época em que recebíamos a visita dos Bugios que vinham pela mata preservada pelo IBAMA, até a cerca de nossas propriedades em busca de um olhar e com suas carinhas de tristeza nos pediam para que os ajudassem a preservar o pouco que restava de uma natureza bela e virgem.
    Sou de uma época que pude mostrar aos meus filhos os Bugios em nosso pátio, os Lagartos em busca de comida, as Lebres correndo pelos campos , os Gambás saltando de galho em galho, as Preás dóceis e encantadoras alegrando nossas crianças e até mesmo o Tatu Mulita. Onde foram parar estes animaizinhos? Foram devorados pelo homem e se seu produto de lazer que denomina animal de estimação? Onde foram?
    As máquinas foram entrando e nos minúsculos terrenos, foram sendo construídas casas que ocupavam toda a área, não sobrando uma árvore que fosse.
    Tenho pena das pessoas, que nem o vizinho que quase bateu em teu carro, por você parar para que o Gambá passasse com segurança no habitat que um dia foi todo dele.
    O progresso é muito destruidor quando não planejado adequadamente, e lamentavelmente foi isso que ocorreu com o Projeto do Condomínio Cantegril. Casas são construídas uma sobre as outras. Árvores centenárias são derrubadas para darem lugar ao tijolo frio que será o novo personagem da nova paisagem.
    Os pássaros somem por medo ou por serem devorados em seus ninhos pelos inúmeros felinos soltos que transitam livremente em busca da presa fácil como Sabiá-do-Peito-Amarelo.
    Os felinos fazem parte da grande família de mamíferos carnívoros, que vai desde o gato doméstico até o leão. Todos são privilegiados de um ótimo olfato, audição aguda e a capacidade de enxergar muito bem durante a noite. Sua espinha é bastante flexível, o que lhes permite subir em árvores com facilidade. A alimentação é constituída basicamente de pequenos mamíferos, roedores e aves.
    Seu predador, os cachorros, por ser mais fácil, são mantidos presos, para que não sejam pegos pela carrocinha e virem sabão, com isso os endemoniados felinos devoram pouco-a-pouco pássaros raros, preás, etc. com a defesa de seu donos que o tratam como os queridinhos e inofensivos gato ou gatinho e bichinhos de estimação.
    Parabéns pela iniciativa do blog, e foi este o propósito que tive ao postar este comentário, mas tem coisas que fogem do meu controle e ultrapasso o limite da escrita para deixar registrada minha indignação com esta destruição toda que temos em frente nossos olhos e nada podemos fazer. Parabéns.

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Obrigado. Grupo MaisCantegril.